segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O FUTURO JÁ COMEÇOU

Os Socialistas tomam o poder na Grécia enquanto o povo se mobiliza contra a União Europeia.



Poucos minutos depois do parlamento de Atenas não ter conseguido eleger um presidente, Alexis Tsipras, o homem mais provável a tornar-se o próximo primeiro-ministro da Grécia, disse que o país tinha vivido "um dia histórico".

Pela primeira vez desde a fundação do Estado grego moderno, há cerca de 200 anos atrás, esquerdistas radicais – marginalizados, torturados e atormentados durante a maior parte do século 20 – estão na rota certa para assumir o poder. 

"Gregos", disse ele, "devem-se alegrar." O governo que subjugou o país através do assalto da austeridade vai acabar em breve.

Os termos onerosos dos "memorandos" profundamente impopulares, acordadas com os credores estrangeiros para manter a insolvente Grécia átona de água, serão derrubados.

"O futuro já começou", proclamou ele aos jornalistas na nação que se prepara para eleições antecipadas, um diktat constitucional quando as eleições presidenciais falham.

"Devemos estar Optimistas e Felizes” 
proclama Alexis Tsipras.

Mas a perspectiva duma renovada turbulência política no país onde começou a crise da zona euro, certamente não vai agradar aos que tomam as decisões politicas em Bruxelas e Berlim.


A Grécia, iniludivelmente, está a ser arrastada para uma nova dança de incerteza, uma montanha-russa nas políticas da alta pressão.

Depois de seis anos de recessão, o país só agora começa a mostrar os primeiros sinais de recuperação, registrando um superávit primário – antes do pagamento de juros sobre a sua montanha de dívidas – e retornando ao mercado de capitais que cortou o financiamento no início da crise.


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MAS,
A Alemanha prepara-se para deixar cair a Grécia,
 como o Jornal i faz manchete


A manchete é, de facto, uma obra-prima esclarecedora. "Merkel disposta a dar" é uma conjunção de intenções cheia de contradições e conotações.

 "Castigo exemplar" revela a concordância com a ideia xenófoba de que a "malta do sul" é delinquente e preguiçosa, porque arriscam a eleger representantes contra a ideia de uma austeridade moralizadora e libertadora que, por acaso, até é irracional porque economicamente se demonstra ineficaz. 

E, terminando com a punchline : "Para pôr a Europa na linha". Nada melhor que um castigo exemplar (à semelhança do Deus bíblico) para endireitar os fracos de cabeça e pecadores preguiçosos. E por "na linha" entenda-se "em sentido".

E todo o texto é para ler com muita atenção e preocupação: "Com o Syriza a liderar as sondagens a semanas das presidenciais, Berlim diz que desta vez não vai evitar que os gregos se lancem no abismo".

No abismo? Haverá maior abismo como em Portugal onde, em 2 anos, se destruíram 500 mil postos de trabalho?

O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU | Uma em cada três crianças portuguesas passa fome. O desemprego assusta apesar da população jovem e activa estar a abandonar o país. Nos hospitais morre-se por abandono. Os salários são abaixo de qualquer classificação e ainda se acha que assim é que é. Porque a alternativa é a emigração ou a rua.

A nova vaga de sem-abrigo desmente o sucesso destes governantes sem vergonha nem tino. As reformas de quem trabalhou uma vida inteira são reduzidas como se de uma benesse se tratasse. Mas, apesar de tudo isto, Passos e Cavaco dizem que estamos muito melhor. No caminho certo. Provavelmente estaria muito melhor se Passos, Portas e Cavaco saíssem da frente.

A falta que cá fazem é como a fome que apavora as famílias portuguesas.

"O ABC da nova democracia proposta pela Alemanha aos restantes membros da zona euro está a ser explicada novamente aos piores alunos da Europa: os gregos".

Lá vêm os velhos estratagemas diplomáticos que, em 2010/11, de nada nos safaram: "Não somos gregos, não somos gregos".

"A primeira regra é que só há um caminho para o futuro e esse é o da austeridade."

Outra ideia muito repetida pelo PR, Governo, banca e media: "Não há alternativa, façamos o que querem os mercados".

"A chanceler Angela Merkel quis assegurar-se de que os alunos na última fila percebiam que não há margem para desvios, e sublinhou que se a Grécia escolher um governo que desafie a lei da austeridade, desta vez o país será deixado à sua sorte."

Grandes e queridos amigalhaços, com amigos destes quem precisa de inimigos?

Não foi para isto que Dumoc desejou que Portugal