segunda-feira, 29 de julho de 2013

DESOBEDECER



NÃO HÁ DINHEIRO
qual destas três palavras não percebeu?


Três palavras, uma depressão

Não há dinheiro. Assim falava Vítor Gaspar e assim ainda falam os que pretendem tornar permanente a política de austeridade depressiva: não havia, não há e não haverá dinheiro.

Não havia dinheiro e daí a troika e o seu memorando. Não há dinheiro e daí a proposta pós-democrática do Presidente da República. Não haverá dinheiro e daí o segundo resgate, qualquer que seja o seu nome, com a mesma austeridade, desta vez sem o FMI.

Todas as fraudes - do "vivemos acima das nossas possibilidades" ao "todos temos de fazer sacrifícios" - e todas as políticas que estas inspiraram nos últimos dois anos - da mais predadora vaga de privatizações aos cortes nos salários directos e indirectos - são tributárias do poder de, com três palavras, enganar os portugueses com a verdade.

O resto do artigo, que saiu hoje no Público, pode ser lido aqui mas olhe que não existem mais dúvidas

Pelo meu, pelo seu e pelo bem dos (nossos) filhos e netos, temos de regressar à política da dívida com que começámos;

esta é a nossa arma, a arma dos que sabem que têm de desobedecer às estruturas de dominação europeias

sexta-feira, 26 de julho de 2013

La Folie

É tão louco exprimir uma verdade intempestiva como é imprudente ser de uma sabedoria deslocada, que não se sabe acomodar às coisas tal como elas são, nem obedece aos usos, esquecendo a lei do banquete:

"Bebei ou ide-vos embora!"

e exigindo que a comédia não seja comédia.
A verdadeira sabedoria consiste , visto que sois homens e mulheres, em não procurar saber mais do que aquilo que está na natureza dos homens e das mulheres, em se submeter de bom grado à opinião da multidão ou em deixar-se arrastar nos seus erros. Mas, direis, isso é uma completa loucura! Aceito, conquanto que concordeis que é assim que se representa a comédia da vida.

Elogio da Loucura

ERASMO


terça-feira, 23 de julho de 2013

Os MONOPÓLIOS



É curioso observar a posição da Apple, enquanto empresa monopolista, e a sua relação recente com os mercados financeiros. Sem grandes incentivos ao reinvestimento dos seus lucros, esta empresa acumulou ao longo dos anos 145 mil milhões de dólares. No entanto, no passado mês de Abril, a Apple decidiu endividar-se nos mercados com obrigações no valor de 17 mil milhões de dólares. Naquela que aparentemente foi a maior emissão de dívida de sempre de uma empresa privada, as taxas de juro variaram entre 0,5% nas obrigações a três anos e 3,8% a trinta anos.


Todavia, porque é que uma empresa se vai endividar se está a nadar em liquidez? A razão é bastante prosaica. Boa parte dos 145 mil milhões de dólares disponíveis foi ganha e está depositada fora dos EUA. O seu repatriamento implicaria o pagamento do imposto sobre lucros norte-americano (35%). Por outro lado, o juro pago nesta emissão de dívida será dedutível na factura fiscal da Apple, resultando aparentemente numa poupança de 100 milhões de dólares todos os anos. Este dinheiro angariado nos mercados não servirá para financiar novos investimentos (e emprego), mas sim para permitir uma maior distribuição de dividendos pelos accionistas e financiar um programa de recompra de acções cujo objectivo é elevar a sua cotação na Bolsa.

Conclusão, a Apple beneficia de uma posição no mercado que lhe permite focar-se na valorização financeira das suas acções em vez da sua actividade produtiva, foge descaradamente ao fisco do país que lhe deu as condições físicas e humanas para florescer e, não contente, financia os ganhos dos seus accionistas através de um subsídio implícito dos contribuintes norte-americanos graças às deduções fiscais.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

«Não podemos deixar, como dizia a Simone de Beauvoir, que os nossos carrascos nos criem maus costumes».


“Não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”, mais ou menos isto: disse (citando Simone de Beauvoir) a presidente da Assembleia da República, a luxuosa reformada aos 40 anos.

Foi ontem ou anteontem e vem mesmo a calhar para a conversa do momento histórico.

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