quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

À beira duma mudança histórica

A Grécia está à beira de uma mudança histórica.

O SYRIZA já não é apenas uma esperança para a Grécia e para o povo grego. É também a expectativa de uma mudança de rumo na Europa.

Porque a Europa não vai sair desta crise sem mudança política e a vitória do SYRIZA nas eleições de 25 de Janeiro pode fortalecer os movimentos de mudança.
Porque o impasse em que a Grécia está

 é o mesmo impasse em que
 a Europa também se encontra.



A 25 de Janeiro, o povo grego está destinado a fazer história com o seu voto, fazendo nascer um espaço de mudança e de esperança para todos os povos da Europa que condenam as medidas de austeridade falhadas, que pretendem demonstrar que quando as pessoas querem, quando se ousar e quando se supera o medo, as coisas podem mudar.

Somente com a expectativa de mudança política na Grécia, já começaram também a mudar as coisas na Europa. 2015 não é 2012.

O SYRIZA não é um ogre ou uma grande ameaça para a Europa, mas sim a voz da razão. É o despertador que vai acordar a Europa e levantá-la da sua letargia e do sonambulismo. Esta é a principal razão pela qual o SYRIZA já não é considerado mais uma grande ameaça, como o foi em 2012, mas antes como um desafio para a mudança.

Mas todos o encaram agora desta maneira?

Nem todos. Uma pequena minoria, condensada nos líderes conservadores do Governo alemão e parte da imprensa populista, insiste em recuperar e reavivar antigos contos e histórias sobre a saída da Grécia.

É a mesma coisa que faz Samaras na Grécia; mas ele não consegue já convencer ninguém. Depois dos gregos, terem passado pela experiência da sua governação, já conseguem distinguir as suas mentiras da verdade.

O programa de Samaras limita-se apenas a continuar com as medidas de austeridade que, afinal, todos o sabemos, falharam. Quer aplicar novos cortes sobre os salários e as pensões ao mesmo tempo que pretende lançar novos aumentos de impostos em cima dos já tristemente intermináveis cortes e dos aumentos fiscais acumulados ao longo de mais de seis anos. Pede aos gregos que vão votar para implementar este novo pacote. Precisamente por ter assumido o compromisso da austeridade, interpreta a rejeição desta política destrutiva e falhada como uma suposta acção unilateral.

Basicamente, ele está a esconder ao povo que a Grécia, como um membro da zona do euro, está comprometida com as metas e não com os meios políticos para alcançar esses objectivos.

Por esta razão, ao contrário do partido no poder de Nea Dimokratia, o SYRIZA comprometeu-se com o povo grego a aplicar a partir do primeiro dia no governo um programa específico, eficiente e fiscalmente equilibrado " o programa Thessaloniki", independentemente das negociações com os “colaboradores”.

Com acções dirigidas a conter a crise humanitária. Com justiça tributária para com a oligarquia financeira, na qual não se tocou nestes quatro anos de crise, para que finalmente tenha que pagar também. Com um plano para impulsionar a economia, combater esta nunca antes vista taxa de desemprego, e retomar o crescimento.

Com reformas profundas no modus operandi do Estado e do sector público, porque o nosso objectivo não é voltar a 2009, mas sim mudar tudo o que trouxe o país à beira dum colapso económico, e também moral.

O clientelismo, um Estado que é hostil aos seus cidadãos; a evasão fiscal; fraude fiscal; mercado negro; contrabando de petróleo e tabaco são apenas alguns dos aspectos dum sistema de poder que governou o país durante anos. Este sistema levou o país ao desespero e agora continua a governar em nome da urgência nacional e do medo da crise.

Mas, realmente, não tem medo da crise, mas sim medo da mudança. Medo e culpa do sistema que levou os gregos a uma tragédia sem precedentes.

Aos responsáveis por tudo isto, digo-lhes que, se sabem alguma coisa sobre a tragédia da Grécia antiga, têm mesmo todos os motivos para terem medo, porque após a arrogância vem nemesis e catarse.

Pelo contrário o povo grego e os europeus, nada têm a temer. Porque SYRIZA não pretende o colapso, mas sim o resgate do euro. E para os Estados membros torna-se impossível salvar o euro, quando a dívida pública está fora de controle.

O problema da dívida não é só grego, mas também da Europa. A união Europeia como um todo merece um debate e que se encontre uma solução sustentável para o projecto Europeu.

SYRIZA e o Partido da Esquerda Europeia defendem que, no contexto de um acordo europeu, deve ser excluída a maior parte do valor nominal da dívida pública, tem que se impor uma moratória sobre o pagamento e deve ser inserida uma cláusula de crescimento para reestruturar o remanescente da dívida, a fim dos recursos disponíveis serem dirigidos para o crescimento económico.

Nós pedimos condições de reembolso que não provoquem a entrada do país na recessão e que não levem as pessoas ao desespero e à pobreza.

Com a sua afirmação de que a dívida grega é sustentável, o Sr. Samaras coloca a Grécia em perigo. Ele não só reduziu a margem para alguma negociação, como também se recusa a negociações conjuntas. Se alguém admite que a dívida é sustentável e que o memorando é uma "história de sucesso", o que é que há a negociar?
duas estratégias diferentes

Hoje, podemos distinguir duas estratégias diametralmente oposta sobre o futuro da Europa. Por um lado, temos a visão de Schauble que, independentemente, das leis e dos princípios acordados funcionarem ou não, terem que ser executados e concluídos. Por outro, há a estratégia de salvar o euro "custe o que custar", preconizada pelo primeiro presidente do BCE.

Na verdade, as próximas eleições gregas são um confronto entre estas duas estratégias diferentes.

Acho que a última vai prevalecer por uma outra razão.

Porque a Grécia é o país de Sófocles, autor de Antígona que nos ensinou que há momentos em que a lei suprema é a justiça.


Este post apareceu originalmente no 'HuffPost Grecia' e foi traduzido da edição norte - americana em Inglês para o Português por Dumoc.

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