domingo, 15 de junho de 2014

Theo Jansen: Animari

Este homem constrói esculturas vivas que se movem com o vento. Absolutamente genial!



O talentoso artista Theo Jansen há muitos anos se dedica a criar novas formas de vida. Não com sementes ou pólen, mas com...



...tubos de plástico.

Ele desenvolveu uma forma de arte absolutamente única chamada Animari.

Nunca ninguém viu nada parecido antes!



Estruturas feitas de tubos amarelos em plástico passeiam, movidas a vento, pelas praias da Holanda. Estes “animais de areia”, criados pelo artista Theo Jansen, são fruto de um complexo trabalho de engenharia e inspirados na teoria da evolução. Contudo, são também esculturas impressionantes, que apesar de aparentemente frágeis conseguem evitar obstáculos e resistir às tempestades.



Há quem use o vento para mover moinhos ou balões de ar quente.

Porém, nas praias da Holanda, o artista-engenheiro Jansen cria esculturas movidas a vento que fazem lembrar animais pré-históricos, numa expressão da chamada arte cinética.
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Os “animais de areia”, como o artista lhes chama (ou strandbeests, no original holandês), são pensados a partir de modelos computadorizados que permitem a Jansen optimizar os movimentos das estruturas. Desta forma, as esculturas ficam aptas a caminhar na areia, evitando obstáculos e conseguindo até recuar perante água, graças a mecanismos muito simples que se baseiam no código binário.

Inspirado na teoria da evolução de Darwin, o artista vai melhorando os seus "animais", por tentativa e erro. Depois de criar um “animal de areia” e observar o seu comportamento nas condições atmosféricas e geográficas das praias, Jansen declara a escultura como extinta e começa a trabalhar na próxima criação, corrigindo os problemas detectados no antecessor.

O objectivo final é que as esculturas consigam “sobreviver” por si próprias nas praias, sem ajuda de Theo Jansen. Por enquanto, o artista já conseguiu resolver a parte locomotiva das estruturas, o armazenamento de energia e a adaptação a condições adversas. As partes inferiores das esculturas, semelhantes a pernas, movem-se mantendo o eixo ao mesmo nível, para que a caminhada na areia seja facilitada.

Entretanto, no que Jansen chama “estômago dos animais”, estão colocadas várias garrafas vazias que vão armazenando ar para abastecimento energético. O ar comprimido será usado em alturas de pouco vento. Por fim, graças aos mecanismos simples feitos também com tubos de plástico, os animais de areia conseguem evitar a água e enterrar uma estaca na areia em períodos de fortes tempestades.

Como é possível? O primeiro mecanismo funciona à base de um tubo que, perto da areia, vai sugando ar. A partir do momento em que o tubo suga água, encontra resistência e faz com que toda a estrutura se desloque noutra direcção. Quanto às tempestades, o forte vento acciona um mecanismo semelhante a um martelo que enterra um tubo na areia, funcionando como âncora.



O princípio do movimento das suas estruturas

A sua criação mais recente, baptizada de Animaris Siamesis, mostra-nos dois animais num só. As esculturas siamesas seguram-se uma à outra, o que evita que sejam derrubadas pelos ventos fortes da costa. Além disso, o Animaris Siamesis tem também o maior estômago de todas as criações de Jansen, representando mais um passo na evolução.



Animaris Siamesis


Os strandbeests começaram a ser trabalhados por Jansen há 20 anos atrás. Os tubos de plástico usados, além de muito baratos, são leves e com uma aparência semelhante a ossos, o que dá às esculturas a aparência de esqueletos. Antes de se meter nesta aventura de uma vida, o artista-engenheiro estudou física na Universidade de Delft e, no primeiro grande projecto cinético, criou um OVNI que assustou os habitantes de Delft.



 Agora, os seus animais de areia criam espanto e entusiasmo entre miúdos e graúdos. Apesar do efeito estético das esculturas, Jansen confessa que quando planeia um novo animal está mais preocupado com o seu funcionamento. Contudo, com a peça terminada, a beleza do animal assoma, mesmo que a parte funcional não esteja perfeita.



As criações de arte cinética alcançam o propósito estético quando estão em movimento ou têm partes móveis, quer através de vento, quer através de motores convencionais. 


A primeira escultura cinética é atribuída a Marcel Duchamp e, desde então, artistas de todo o mundo não têm deixado de nos deslumbrar.



Para Theo Jansen, as fronteiras entre arte e engenharia estão apenas na nossa mente. Daí que o artista continue a trabalhar afincadamente no seu barracão de forma a produzir o animais de areia cada vez mais evoluídos. E, se passar por uma praia na Holanda, talvez o veja a brincar com uma das suas criações.



Jansen no Ted Talks

O mecanismo