Era tudo mentira? Era. E era tudo verdade? Era.
Que Deus abençoe o Dr. Ricardo Espírito Santo Salgado.
Porque, afinal de contas, quase tudo funcionava no país em ligação directa ou indirecta aos interesses do BES, ou do GES.
E sabe-se disso porquê? Por intermédio da detenção do Dr. Ricardo Salgado. E sabe-se, ou passará a saber-se, disso, porque pode ser que se comecem a destapar as fossas do BES e do GES, e da finança nacional, e do sistema de financiamento partidário, e da realidade das empresas e dos bancos, e pode ser que venha a ser possível desmascarar aos olhos do vulgo muita gente e muita coisa que passava por ser verdade.
E era. Mas também era mentira.
Mas ai!, a verdade portuguesa é demagógica e populista.
Só a mentira é elegante e correcta.
Por isso podem as duas conviver saudavelmente no país.
Pode ser que seja essa a maior desgraça nacional. Sim, desgraça.
Nós é que não percebemos. Porque não podíamos perceber os escaninhos ocultos onde se tecem as verdades e as mentiras para consumo do vulgo pagante de impostos.
Nós é que não percebemos. Porque não podíamos perceber os escaninhos ocultos onde se tecem as verdades e as mentiras para consumo do vulgo pagante de impostos.
E porque também não queríamos perceber e nos refastelávamos na comodidade da mentira e da verdade e quem viesse atrás que fechasse a porta.
E como poderíamos nós perceber onde estava a verdade e onde corria a mentira se, devido ao génio do Dr. Ricardo Salgado, e de outros seus pares, nos deixámos intoxicar de probabilidades de consumo e sumptuária, e como crianças insensatas e mal criadas corremos atrás da música e dos fardamentos novos do crédito fácil que nos abria essa probabilidade desenfreada de consumo?
Não, não queríamos perceber.
E como poderíamos nós perceber onde estava a verdade e onde corria a mentira se, devido ao génio do Dr. Ricardo Salgado, e de outros seus pares, nos deixámos intoxicar de probabilidades de consumo e sumptuária, e como crianças insensatas e mal criadas corremos atrás da música e dos fardamentos novos do crédito fácil que nos abria essa probabilidade desenfreada de consumo?
Não, não queríamos perceber.
Portugal é um criador de cidadãos que preferem não perceber, e quando ao vulgo pagante de impostos deixou de interessar saber onde está a verdade e onde mora a mentira das suas instituições desde que alguém finja pagar-lhe os consumos e a sumptuária e o deixe fazer figuras de rico.
Como poderemos querer saber da verdade e da mentira se nós somos a mentira e a verdade engalanadas?
Honra e glória aos mais altos valores nacionais e ao Dr. Ricardo Salgado.
Como poderemos querer saber da verdade e da mentira se nós somos a mentira e a verdade engalanadas?
Honra e glória aos mais altos valores nacionais e ao Dr. Ricardo Salgado.
Era tudo mentira. E é tudo verdade.
É pelos destinos do dinheiro que se percebe muita coisa, incluindo a mentira e a verdade.
Tudo (ou quase) funcionava em função dos interesses do BES e/ou do GES
e aos poucos talvez se destapem os esgotos da vida nacional, a maldição da dívida pública e privada, a peste do crédito mal parado, a infâmia dos deputados da nação (alguns empregados do BES ou do GES), unânimes em aumentar o próprio salário enquanto cortam no salário de quem os elegeu; o festim das autarquias; as guerrilhas da banca; a tragi-comédia do governo, do presidente e da oposição; a farsa do sistema de financiamento dos partidos (questão central da mentira portuguesa); as aparência da liberdade e da democracia; o espectro constitucional; a nebulosa da Troika; o ilusionismo do crescimento económico; o fantasma da transparência; as vergonhas do emprego/desemprego/sub-emprego; o venalismo da comunicação social. E até o mito fundacional destas coisas todas, o 25 de Abril.
Era tudo mentira. E é tudo verdade
O Dr. Ricardo Salgado prestará decerto inestimáveis serviços ao país quando clarificar – quanto mais não seja provisória e parcelarmente – estes quarenta anos de vida chamada democrática. Pode ser que ele queira explicar algumas coisas – algumas coisas, bem entendido, que as autoridades queiram que seja explicado.
Era tudo mentira. E é tudo verdade.
Honra e glória, repito, aos mais altos valores nacionais do séc. XXI:
a corrupção, o compadrio, o nepotismo, o roubo, a vigarice, a legal trapaça, a violência doméstica, o abuso generalizado – da autoridade às finanças, da confiança ao sexo.
E honra e glória ao Dr. Ricardo Salgado que tanto trabalhou para enaltecer e perpetuar esses valores.
E honra e glória ao Dr. Ricardo Salgado que tanto trabalhou para enaltecer e perpetuar esses valores.
E não foi ele o único, longe disso. Foi só o principal. O herói da finança. O magnífico. Por isso mesmo é que a nossa desgraça é grandiosa. Tão grandiosa como esses valores cimeiros da nossa consciência e da nossa nacionalidade para o séc. XXI.
artigo de Joel Costa publicado em: questoes-de-moral.blogspot
Caso Monte Branco: jornal expresso
http://expresso.sapo.pt/a-queda-de-um-santo-por-pedro-santos-guerreiro=f882869
Pacheco Pereira Denúncia Salgado e a banca
"não aceitamos e detestamos a economia paralela (contribuintes e governo) quando se trata da cabeleireira e dos snack bares, mas aceitamos com a maior das complacências que um grande banqueiro diga que se esqueceu de pagar milhões ao fisco.
http://expresso.sapo.pt/a-queda-de-um-santo-por-pedro-santos-guerreiro=f882869
Pacheco Pereira Denúncia Salgado e a banca
"não aceitamos e detestamos a economia paralela (contribuintes e governo) quando se trata da cabeleireira e dos snack bares, mas aceitamos com a maior das complacências que um grande banqueiro diga que se esqueceu de pagar milhões ao fisco.
BES o que não se diz aos PORTUGUESES
e uma
Era tudo mentira? Era. E era tudo verdade? Era.
link para a versão anterior da página do BES entretanto alterada:
Dizia-se lá, entre outras coisas:
“Sabemos que um longo e prestigiante passado, cuja construção assentou em valores éticos e de rigor, é uma vantagem competitiva para enfrentar um futuro pleno de desafios.
Mas encerra, sobretudo, uma responsabilidade adicional:
devemos aos que nos precederam, que proporcionemos as mesmas razões de orgulho pelo trabalho realizado aos que vierem depois de nós.”
e ainda:
“Em julho de 2013 foi atribuído a Ricardo Espírito Santo Silva Salgado o doutoramento honoris causa pela Universidade Técnica de Lisboa”
TEMOS "DÔUTOR"