domingo, 21 de setembro de 2014

O tempo líquido das redes sociais


O sociólogo polaco Zygmunt Bauman diz que vivemos num tempo que nos escorre pelas mãos, um tempo líquido em que nada é para persistir.



Não há nada tão intenso que consiga permanecer e se tornar verdadeiramente necessário.

Tudo é transitório. Não há a observação pausada daquilo que experimentamos, é preciso fotografar, filmar, comentar, curtir, mostrar, comprar e comparar.

O desejo habita a ansiedade e perde-se no consumismo imediato.

A sociedade está marcada pela ansiedade, reina uma inabilidade de experimentar profundamente o que nos chega, o que importa é poder descrever aos demais o que se está fazendo.


Em tempos de Facebook e Twitter não há desagrados, se não gosto de uma declaração ou um pensamento, deleto, desconecto, bloqueio.

Perdeu-se a profundidade das relações; perdeu-se a conversa que possibilita a harmonia e também o destoar.


Nas relações virtuais não existem discussões que terminem em abraços vivos, as discussões são mudas, distantes. As relações começam ou terminam sem contato algum.


Analisamos o outro por suas fotos e frases de efeito. Não existe a troca vivida.

Ao mesmo tempo em que experimentamos um isolamento protector, vivenciamos uma absoluta exposição.

Não há o privado, tudo é desvendado: o que se come, o que se compra; o que nos atormenta e o que nos alegra.

O amor é mais falado do que vivido.

Vivemos um tempo de secreta angustia.





Filosoficamente a angustia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca. Há uma vertigem minando as relações, tudo se torna vacilante, 




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