Uma maneira de descobrir é computar tudo o que pensamos que sabemos sobre o início do Universo e como as galáxias se formaram num super computador, e ver o que sai.
Numa simulação apresentada na revista Nature, os pesquisadores fizeram exactamente isso - e daí saiu um cosmos que se parece muito com o nosso
Mark Vogelsberger, físico do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts em Cambridge, e seus colegas criaram um modelo do universo que
acompanha tanto a evolução da matéria escura e a da visível, começando essa
evolução, apenas 12 milhões de anos após o Big Bang ( veja o vídeo). Os anteriores
modelos, ou eram pequenos e muito detalhados ou grandes e grosseiros, esta
simulação cobre uma área de espaço grande o suficiente para ser representativa
de todo o Universo - uma 106,5 megaparsecs cúbicos
(350 milhões de anos-luz)
de diâmetro - mas está detalhado o suficiente para representar as pequenas
estruturas de escala : como galáxias individuais. Ao contrário das simulações
anteriores, produz uma série de formas de galáxias que condizem muito bem com
as observações feitas . Também é muito preciso na recriação e distribuição em
larga escala de aglomerados de galáxias e nuvens de gás no Universo, assim como
também reproduz correctamente o hidrogénio e os elementos pesados contidos nas galáxias.
Vogelsberger diz que o sucesso da simulação é devido a ter conseguido
algoritmos aprimorados, e ao facto dos seus cálculos contemplarem muitos dados
de física, : como a formação dos buracos negros supermassivos e o seu efeito nos
seus campos gravíticos. O modelo, chamado de illustris, exige uma enorme
quantidade de poder computacional.
Executá-lo num laptop comum seriam necessários quase dois
mil anos, pois apesar do computador state-of-the art com mais de 8.000
processadores , a simulação, mesmo assim ainda levou vários meses até ser
concluída.
Modelos anteriores esforçaram-se sem sucesso para conseguir
até mesmo os princípios básicos das propriedades das galáxias , diz Chris
Brook, um astrofísico da Universidade Autónoma de Madrid, que se dedica a estudos
da formação de galáxias através de simulações . Não ficou claro se as falhas anteriores
se deveram a factores inerentes à formação das galáxias ou a um problema de
base com o modelo standard da teoria do Big Bang, na qual apenas 4% do Universo
é constituído por matéria comum , 23% é matéria escura e 73% é energia escura.
Somente nos últimos anos tem sido possível usar este modelo
para simular as galáxias que correspondem a uma gama de propriedades observadas.
O modelo de Vogelsberger e da sua equipa reproduz a variedade dos tipos de
galáxia observados no Universo real, e por isso coloca o modelo padrão em
terreno muito mais firme. A partir de agora, estas simulações vão se tornar muito mais úteis para
a previsão e interpretação dos resultados observados.
Apesar do modelo corresponder bem com as observações do
Universo, também tem anomalias. Por exemplo, ele mostra as galáxias de baixa
massa a formarem-se muito cedo . "A ideia agora é tentar entender por que
isso está a acontecer e entender o que nos está a falhar em termos de formação de galáxias
", diz Vogelsberger .
Este artigo apareceu originalmente em Nature News.