Feliz aniversário, Kierkegaard: O primeiro filósofo existencial na nossa maior fonte de infelicidade
A esperança, a memória, e como a nossa compulsão crónica de fugir das nossas próprias vidas, nos rouba a vida.
A esperança, a memória, e como a nossa compulsão crónica de fugir das nossas próprias vidas, nos rouba a vida.
A memória é em primazia o verdadeiro elemento do infeliz, como é perfeitamente natural de entender, quem olha para o passado, apreende que este tem a notável característica de “já ter sido” e que o futuro está ainda para vir; e podemos, portanto, afirmar que, de certa forma, o futuro está mais próximo do presente (nós) do que o passado.
Esse futuro, para que a pessoa que espera estar presente nele, tem que ser real, ou então, vir a adquirir realidade.
O
passado, para que possa estar presente, teve que ter possuído realidade para aquele que o recorda.
Mas quando falamos do indivíduo, que expectante, vier a ter um
futuro, que não possa ter realidade para ele ou do indivíduo que se lembra dum
passado que não teve realidade para ele, estamos na presença dos indivíduos
genuinamente infelizes.
Os indivíduos infelizes esperam nunca ter o mesmo sofrimento daqueles que se lembram.
Os indivíduos esperançosos têm sempre
um desapontamento mais gratificante.
Os mais infelizes, portanto, encontram-se sempre
entre os que têm recordações mais tristes.