Estrangularia o crescimento e aumentaria o desemprego - e iria até mesmo falhar quando A redução do rácio da dívida em relação ao PIB.
A Grécia tem largamente cumprido com o que foi estabelecido pela "troika" (Comissão Europeia, BCE e FMI): converteu um défice orçamental primário num superávit primário.
Dada a quantidade de angústia causada pelo endividamento excessivo, pode-se perguntar por que as pessoas e os países são repetidamente colocados nesta situação.
A ideia de reabrir prisões para devedores pode parecer estranha, mas o seu eco ressoa quando se fala de risco moral e da responsabilidade de saldar as dívidas.
Portanto, não é a reestruturação da dívida, mas a ausência desta reestruturação, que é "imoral".
Outros - na Comissão Europeia, presidida pelo tristemente infame e ignaro Durão Barroso, o Banco Central Europeu, e algumas universidades – falaram de contracções expansionistas (?).
Mas até o Fundo Monetário Internacional disse que as contracções, como cortes na despesa pública, eram apenas isso mesmo: contracções.
A austeridade falhou repetidamente desde a sua primeira aplicação com o presidente americano Herbert Hoover, que converteu o crash da bolsa na Grande Depressão, até aos "programas" impostos pelo FMI na Ásia e na América Latina nas últimas décadas.
E, no entanto, quando a Grécia começou a ter problemas, a austeridade foi de novo tentada.
Mas a contracção do consumo privado foi, como era esperado, enorme, devastando 25 por cento nos postos de trabalho, uma queda de 22 por cento do PIB desde 2009, e um aumento da relação dívida - PIB de 35 por cento.
E agora, com a vitória eleitoral esmagadora de anti-austeridade pelo partido Syriza, os eleitores gregos disseram que já tiveram mais do que o suficiente de austeridade..
Então o que fazer? Em primeiro lugar, vamos ser claros: nós poderíamos culpar a Grécia pelos seus problemas, se a Grécia fosse o único país onde a medicina da troika tivesse falhado miseravelmente.
Mas a Espanha tinha um superávit e um rácio de dívida relativamente baixo antes da crise, e terminou em depressão. O que é necessário não é tanto reformas estruturais na Grécia e na Espanha, mas uma reforma estrutural do projecto da zona do euro e fundamentalmente um repensar das orientações políticas que conduziram a este mau comportamento da união monetária.
A Grécia veio recordar-nos também, mais uma vez, que o mundo precisa duma reestruturação da dívida. Uma dívida excessiva causou não só a crise de 2008, mas também a crise asiática nos anos 90 e a crise na América Latina na década dos anos 80.
Continua a causar um sofrimento indescritível nos EUA, onde milhões de proprietários de imóveis perderam as suas casas, e agora está ameaçando mais milhões na Polónia e onde quer que se tenha contraído empréstimos em francos suíços.
Dada a quantidade de angústia causada pelo endividamento excessivo, pode-se perguntar por que as pessoas e os países são repetidamente colocados nesta situação.
Afinal de contas, essas dívidas são contratos - ou seja, acordos voluntários – pelo que os credores são tão responsáveis por eles como o são os devedores.
Na verdade, pode-se dizer que os credores são mais responsáveis: geralmente, são instituições financeiras sofisticadas, enquanto os mutuários são muitas vezes menos familiarizados com as vicissitudes do mercado e os riscos associados a diferentes arranjos contratuais.
Na verdade, sabemos que os bancos norte-americanos, para caçar os seus mutuários, foram-se aproveitando da sua falta de sofisticação financeira.
Todos os países (evoluídos) já perceberam que para o capitalismo funcionar, é preciso dar uma segunda hipótese às pessoas.
Todos os países (evoluídos) já perceberam que para o capitalismo funcionar, é preciso dar uma segunda hipótese às pessoas.
Mandar para a cadeia os devedores no século XIX foi um fracasso – algo desumano, que não ajudou propriamente a pagar as dívidas. O que ajudou foi criar melhores incentivos para as boas práticas de concessão de empréstimos por parte dos credores tornando-os mais responsáveis pelas consequências das suas decisões.
Internacionalmente, ainda não se criou um processo organizado que dê aos países uma nova oportunidade. Ainda mesmo antes da crise de 2008, a Organização das Nações Unidas, com o apoio de quase todos os países em desenvolvimento e emergentes, vem a tentar criar um quadro deste tipo.
Internacionalmente, ainda não se criou um processo organizado que dê aos países uma nova oportunidade. Ainda mesmo antes da crise de 2008, a Organização das Nações Unidas, com o apoio de quase todos os países em desenvolvimento e emergentes, vem a tentar criar um quadro deste tipo.
Mas os EUA opuseram-se fortemente; talvez queiram restaurar as prisões e enche-las com cidadãos de países sobrendividados
A ideia de reabrir prisões para devedores pode parecer estranha, mas o seu eco ressoa quando se fala de risco moral e da responsabilidade de saldar as dívidas.
Existem temores de que, se, se permitir que a Grécia reestruture a sua dívida, que isso venha simplesmente a levar outros países a entrar em apuros, como anteriormente aconteceu à Grécia.
É um absurdo. Alguém no seu perfeito estado de espírito acredita que algum país estaria disposto a passar por aquilo que a Grécia tem passado, apenas para se livrar dos seus credores?
É um absurdo. Alguém no seu perfeito estado de espírito acredita que algum país estaria disposto a passar por aquilo que a Grécia tem passado, apenas para se livrar dos seus credores?
Se existir um risco moral é pela parte dos prestamistas - especialmente no sector privado - que foram resgatados repetidamente.
Se a Europa tem permitido que essas dívidas passem do sector privado para o sector público - um padrão bem estabelecido na última metade do século - é a Europa, e não a Grécia, que deve arcar com as consequências.
Na verdade, a situação actual da Grécia, incluindo o enorme aumento do rácio da dívida é em grande parte culpa dos programas errados impostos pela troika.
Portanto, não é a reestruturação da dívida, mas a ausência desta reestruturação, que é "imoral".
Não há nada de especial sobre os dilemas que a Grécia enfrenta hoje; muitos países têm estado nesta mesma situação.
O que faz com que os problemas da Grécia sejam mais difíceis de resolver é a Grécia estar inserida na estrutura da área do euro, a união monetária implica que os Estados-Membros não possam desvalorizar a sua moeda para superarem os seus problemas, e ainda não existe nenhum vestígio dum mínimo de solidariedade por parte da Europa que acompanhe esta perda de flexibilidade política.
Setenta anos atrás, no final da II Guerra Mundial, os Aliados acordaram entre si que a Alemanha tinha de se erguer novamente.
____________________________________________________
Setenta anos atrás, no final da II Guerra Mundial, os Aliados acordaram entre si que a Alemanha tinha de se erguer novamente.
Entendia-se que a ascensão de Hitler tinha muito a ver com o desemprego (sem inflação e com deflação), o que resultou da imposição de mais dívida na Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial.
Os Aliados não consideraram a estupidez com que as dívidas se tinham acumulado nem tomaram em conta os custos que a Alemanha tinha imposto aos outros países.
Em vez disso, eles não só lhe perdoaram as dívidas; na verdade, eles forneceram apoio, e as tropas aliadas estacionadas na Alemanha foram um estímulo fiscal adicional.
Quando as empresas falham, uma troca da dívida por capital próprio (acções) é uma solução justa e eficiente.
Quando as empresas falham, uma troca da dívida por capital próprio (acções) é uma solução justa e eficiente.
Uma abordagem semelhante para a Grécia passa por converter as suas obrigações actuais por títulos obrigacionistas indexados à evolução do seu PIB.
Se a Grécia prosperar, os seus credores receberão mais dinheiro; Se não, eles irão receber menos. Ambas as partes teriam um forte incentivo para implementar políticas pró crescimento.
Raramente eleições democráticas transmitem uma mensagem tão clara como a que aconteceu na Grécia.
Se a Europa diz não à escolha dos eleitores gregos que pedem uma mudança de rumo, ela está a dizer que a democracia não é importante, pelo menos quando se trata de economia.
Por que não tentar algo como o New Deal como foi feito nos EUA quando não foi mais possível satisfazer os pagamentos antes da Segunda Guerra Mundial?
Espera-se daqueles que entendem os mecanismos económicos da dívida e que impõem a austeridade, que eles acreditem na democracia e nos valores humanos.
Project Syndicate Este artigo foi publicado originalmente no The Huffington Post, e foi traduzido do Inglês por Dumoc
Espera-se daqueles que entendem os mecanismos económicos da dívida e que impõem a austeridade, que eles acreditem na democracia e nos valores humanos.
Está, para ver se assim realmente é.
___________________________
Project Syndicate Este artigo foi publicado originalmente no The Huffington Post, e foi traduzido do Inglês por Dumoc
fontes:
A MAIOR BURLA
http://www.france24.com/en/20150129-london-agreement-1953-debt-write-germany-economic-miracle-greece-austerity/
ALGUMAS OPINIÕES MUITO INTERESSANTES
AULA PRÁTICA
Como defender os interesses de PORTUGAL
PASSOS PORTAS E CAVACO
APRENDAM!
APRENDAM!
poderá gostar também de: