quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

BATER NO FUNDO


Não faz ainda muito tempo, os políticos alemães (e em Portugal também) declaravam confiantemente que a crise do euro tinha terminado; a Alemanha e a UE, acreditavam então, tinham vencido a crise.

Hoje, sabemos que afinal foi (só) mais um erro. Um erro mais numa crise repleta de erros.


Essa conclusão, como a maioria das anteriores, provinha duma ilusão, e mais uma vez coube à Grécia desfazer essa ilusão.


Mesmo antes da estrondosa vitória do Syriza, nas ultimas eleições Gregas, era obvio que longe de ter terminado a crise, pelo contrário ameaçava, agravar-se, já com o espectro da deflação a bater à porta.

Terá Portugal, para poder beneficiar de algum alívio na austeridade que o está a asfixiar dia após dia, que primeiro bater BEM no fundo?


Só quando um número elevado de famílias (500.000) não poder pagar a electricidade, só quando as instituições de solidariedade forem incapazes de responder de todo, só quando mortes em número considerável, nos hospitais, nas escolas e um pouco por toda a parte ocorrerem, só nessa altura é que se irá dizer:


Portugal JÁ BATEU NO FUNDO!

Só então os eleitores, como na Grécia, e numa reviravolta desesperada, deixarão tanto o PSD como o PS sem deputados na Assembleia da Republica, dando a alternativa aqueles que sempre foram A alternativa?


Porque será ninguém assume que com a dívida a aumentar constantemente (está neste momento em 140% do PIB) e com crescimento económico que não chega a 1%, o pagamento da dívida é inviável, e que, logicamente, Portugal está falido e se encontra na BANCARROTA?

O tristemente falso e infame PPC, que mal tomou posse como 1º ministro, começou a aplicar austeridade sobre austeridade, faltando vergonhosamente à honra da sua palavra, dada na campanha eleitoral, agora prontamente classifica como conto de crianças as propostas do seu homólogo Grego Tsiripas.

Sem demoras, anunciou a sua opinião sobre as alegadas consequências catastróficas que adviriam para o nosso país de uma reestruturação da dívida grega.
Tais opiniões baseiam-se em preconceitos distorcidos e grosseiramente errados.

Embora sem o afirmar, torce pelo total incumprimento Grego, coisa que o Syriza deseja evitar a TODO o custo e é totalmente implausível, pois a UE não se pode dar ao luxo de deixar cair parte do seu edifício monetário sem incorrer no perigo dum colapso total.

Foi também insinuada a ideia de que eventuais perdas do BCE se repercutiriam nos orçamentos nacionais através da distribuição dos prejuízos pelo sistema de bancos centrais, incluindo o de Portugal.

Essa ideia parte de uma incompreensão sobre as características de um Banco Central. Enquanto autoridade monetária, o BCE pode simplesmente apagar as perdas do seu balanço. O que seria, na verdade, a única solução politicamente viável.

Portugal comprometeu-se,  com cerca de 1.100 milhões de euros num primeiro programa de assistência multilateral. No cenário de um corte de 50% no montante da dívida grega, como propunha o Syriza, Portugal incorreria numa perda singular e irrepetível de 550 milhões, que afectaria o défice do ano em que a reestruturação ocorresse.

Mas os cenários sobre os custos de uma reestruturação grega têm de incluir o outro lado da equação, ou seja, os ganhos resultantes da aplicação das mesmas condições a Portugal, que qualquer Governo inteligente prontamente exigirá.

Uma reestruturação da dívida portuguesa nos mesmos termos (corte de 50%) provocaria uma redução do serviço da dívida da ordem dos 4 mil milhões todos os anos, durante a vigência dos empréstimos. Ou seja, durante esses anos ganharíamos em cada ano cerca de oito vezes o montante que perderíamos no ano da reestruturação, ganho esse que se reflectiria numa redução correspondente do défice em todos esses anos.

Daqui decorre que, quanto melhores forem as condições conseguidas por Atenas, melhores poderão ser as condições conseguidas por um Governo português que partilhe a determinação assumida pelo Governo do Syriza.

Uma reestruturação da dívida seria decisiva para parar a austeridade e dar ao nosso país (e a outros) margem de manobra para implementar políticas de crescimento e criação de emprego.

Daí que a proposta do Syriza de realização de uma Conferência Europeia sobre a Dívida seja a melhor forma de encontrar  um novo compromisso que permita à UE sair desta crise.

Em vez de se continuar (cobardemente) amedrontado por fantasmas sem fundamento político e técnico, em vez de (teimosamente) obedientes  a caminho do FUNDO, é urgente desde já abraçar e apoiar a essa Conferência, que tem merecido elogios provenientes dos sectores políticos e sociais mais insuspeitos.

Quer do ponto de vista do alívio do esforço da dívida, quer do ponto de vista da política económica europeia, daí pode surgir a solução que vai permitir sair da estagnação económica e acabar com a austeridade.

 É o que a Grécia precisa, mas é também o que nós precisamos e o que a UE precisa. Só assim se poderá abrir um caminho para melhorar as condições de vida das pessoas e dar capacidade à economia para crescer, fazendo renascer a esperança e a confiança no futuro da EU.



No entanto segundo Tsiripas e Varoufakis os mais duros opositores que estão a encontrar são Portugal e Espanha. Os países que mais deviam ser flexíveis no sentido de perceber que os seus povos estão a sofrer e, portanto, que têm também de fazer este caminho de pôr as pessoas à frente e não os interesses dos mercados financeiros".


Não faz sentido combater a austeridade, porque a austeridade é nossa amiga.
Dizer que a dívida é impagável é de uma desfaçatez impagável.

De acordo com o primeiro-ministro, as ideias do Syriza são "um conto de crianças"
fontes:
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