quinta-feira, 6 de março de 2014

O País dos Loucos



O segredo para ter mais não é ter mais; é precisar de menos.

E saboreá-lo ainda mais. O gajo mais feliz do mundo não é, nunca é, o gajo que tem mais coisas do mundo. O gajo mais feliz do mundo é, é sempre, o gajo que precisa de menos coisas do mundo.


O gajo que faz de um prato de sopa um banquete, o gajo que faz de um T1 um palácio, de uma cama que geme o mais faustoso dos leitos de prazer. O gajo mais feliz do mundo é o gajo menos precisado do mundo.

O gajo que não precisa de mais do que aquilo que tem para ter tudo aquilo que quer ter. O segredo para a felicidade é não ter segredo nenhum.

O segredo para a felicidade é valorizar a preço de ouro o que se tem e valorizar a preço de merda aquilo que não se tem. E é mesmo assim: o que tens é ouro e o que não tens é merda.

E é só o facto de tu quereres o que não tens que eleva o valor do que não tens a um valor, por vezes, ainda mais elevado do que aquilo que tens. Aprende de uma vez por todas: nasceste com tudo aquilo de que precisas.


Então aproveita-o. Aproveita-o em pleno. Aproveita-te em pleno. É claro que podes, e deves, querer mais. Querer mais não é errado, nem sequer é deprimente. Querer mais é fixe.

É querer mais que faz o mundo andar. Quer mais. Quer todos os dias mais. Mas nunca te deixes ser menos só porque queres mais.

Nunca te contentes com o que tens; mas, mais ainda, nunca fiques descontente com o que não tens.



O que tens tem de nunca te deixar contentado. Mas tem, ainda assim, de te deixar contente.

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in “O Livro dos Loucos”, de Pedro Chagas Freitas



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