domingo, 1 de setembro de 2013

SPASTICAS ARTISTICAS







Situado algures entre um bicho raro e um demiurgo,
o artista, pretende dotar de inteligência e sentido a sua componente animal

somando a isso o seu precário desejo de imortalidade

  substância simples e eterna, pura forma indelével 

no céu da memória colectiva



Replicador do que considera a estrutura objectiva do universo,
este hóspede da vaidade, este mago das aparências,
aspira a transformar-se em criador da sua própria ordem

mas a lúbrica sorte e a sempre provável falta de talento...

restituem ao seu empenho o que nele habita de finito


Desta maneira, o artista deambula festejando a sua falta de sucesso.

Sentindo-se culpado de desbaratar o tesouro do tempo.

Vencido pela irredutível saga da realidade e suas atribuladas derivantes

Entregue à doce mas embora nociva fantasia de fama


(breve e estúpida pompa)

passada a qual 


a

 Terra

 solene

o engolirá ao ritmo da sua rotação.


Ricardo Menéndez Salmón

La filosofia en invierno