Situado algures entre um bicho raro e um demiurgo,
o artista, pretende dotar de inteligência e sentido a sua componente animal
somando a isso o
seu precário desejo de imortalidade
substância simples e eterna, pura forma
indelével
no céu da memória colectiva
Replicador do que considera a estrutura objectiva do
universo,
este hóspede da vaidade, este mago das aparências,
aspira a
transformar-se em criador da sua própria ordem
mas a lúbrica sorte e a sempre
provável falta de talento...
restituem ao seu empenho o que nele habita de finito
Desta maneira, o artista deambula festejando a sua falta de sucesso.
Sentindo-se culpado de desbaratar o tesouro do tempo.
Vencido pela irredutível saga da realidade e suas
atribuladas derivantes
Entregue à doce mas embora nociva fantasia de fama
(breve e
estúpida pompa)
passada a qual
a
Terra
solene
o engolirá ao ritmo da sua rotação.
Ricardo Menéndez Salmón
La filosofia en invierno