é um dos bairros com mais
“atmosfera” em Lisboa e é certamente o bairro de Lisboa com a personalidade
mais interessante.
Campo de Ourique é o bairro
que todos os outros gostariam de ser
Não nasci no bairro mas por
lá ter vivido todos os anos 80 e boa parte dos 90, apaixonei-me
irremediavelmente por Campo de Ourique.
esplanada no Jardim da Parada
Apesar de já lá não viver,
continua a ser o meu bairro. É lá que gosto de fazer as minhas compras, beber
uma bica, tomar a minha imperial, comprar jornais, visitar livrarias,
conversar, jantar…
É uma das sete colinas de Lisboa:
é aquela que é um planalto.
Campo de Ourique com o rio Tejo em fundo
Com muita vida, agradável de
se visitar, pois, por ser plano, percorre-se de lés a lés, com facilidade embora possa demorar mais do que o esperado, devido aos muitos locais interessantes.
Lá, “acontece” cultura,
vive-se cultura, pois transbordante de vida, assume-se como uma das mais
interessantes zonas comerciais de Lisboa e uma das poucas que conseguiu
sobreviver ao fenómeno das grandes superfícies comerciais, pois, aí ainda se encontra
um comércio palpitante que nos oferece variedade, qualidade, exclusividade e
sempre um cordial e personalizado bom atendimento.
R. Tomás da Anunciação
A aldeia dentro da cidade:
Um bairro que ainda se
mantém popular e que já é moderno.
Podemos comprovar esta
modernidade na Loja Chocolate e Gengibre que alia a moda à arte abstracta num conceito inovador, onde lado a lado com as
colecções que a simpática e talentosa Rosarinho Guerra
( natural do bairro) selecciona, para todas as mulheres poderem realçar os seus
encantos naturais, o artista plástico Dumoc (ex residente) apresenta as
suas criações abstractas em telas coloridas e vibrantes que decoram com
sofisticação e leveza o espaço e muitas livingrooms duma elite vanguardista.
apartamentos de luxo em construção
no novo edifício do emblemático Cinema Europa
A face popular de Campo de Ourique , está mesmo à vista
e descobre-se em cada esquina:
Em Campo
de Ourique a gastronomia é visível nos múltiplos e excelentes restaurantes,
pastelarias, mercados, mercearias, charcutarias…é uma área na qual o bairro sempre foi rico, mas em que nos últimos
anos se apurou ainda mais.
arte nova na pastelaria Tentadora
É um bairro onde se come
muito bem e é visto pelos lisboetas e pelos turistas como um local onde é muito
agradável passar umas horas de “qualidade” como por exemplo no Café Restaurante
RUACANÁ, fundado em 1956 e baptizado pelas influências
africanas da época com o mesmo nome das muito belas quedas de água em Angola.
Foi nas caves deste estabelecimento, durante o Estado Novo, muitos dos que lutaram contra o seu derrube, na clandestinidade aí se reuniram e guardaram os panfletos e as literaturas contra o regime, que eram impressas na Livraria Ler, situada do outro lado do Jardim da Parada.
Foi nas caves deste estabelecimento, durante o Estado Novo, muitos dos que lutaram contra o seu derrube, na clandestinidade aí se reuniram e guardaram os panfletos e as literaturas contra o regime, que eram impressas na Livraria Ler, situada do outro lado do Jardim da Parada.
A outra face de Campo de Ourique, mais reservada, mais
peculiar, só se dá a conhecer a quem por lá anda com olhar atento:
Campo
de Ourique esteve fortemente ligado às ideias liberais, não fossem algumas das
suas ruas, homenagens a personalidades ligadas à revolução de 1820, como Ferreira Borges, Correia Teles e Saraiva de
Carvalho e de ter sido a partir desta última que, finalmente culminou na implantação da Republica em 1910.
Foram talvez
estas estirpes agitadoras e republicanas que uniram, apesar da sua diferença de
classes, operários e burgueses e que deram o mote a Campo de Ourique, para crescer
pejado de personalidade.
estátua de Maria da Fonte
(jardim da Parada)
História:
Na origem, Campo
de Ourique era apenas uma encosta ventosa para onde vão viver os operários das
inúmeras fábricas de Alcântara.
operários numa fábrica em Alcântara
Até ao século XVIII o bairro não fazia parte do centro de Lisboa. Quando a primeira freguesia surgiu, a de Santa Isabel, era composta por conventos e quintas. Mais tarde o liberalismo extinguiu os conventos.
ribeira de Alcântara actual Av. Ceuta.
Campo de Ourique foi uma zona de grandes ideais liberais, o que é comprovado ainda hoje pelos nomes das ruas e avenidas relativos a homens ligados a revolução de 1820, como Ferreira Borges, Correia Teles e Saraiva Carvalho.
Campo de Ourique foi, desde sempre, uma zona de grandes tradições revolucionárias e republicanas que uniam operários e burgueses, apesar da diferença de classes.
José Relvas Proclama a Republica
5 Outubro 1910
O início do século XX é uma época de grande prosperidade que se iniciado com a política de Fontes Pereira de Melo no fim do século XIX.
Campo de Ourique é uma das
sete colinas de Lisboa, mas é aquela que é plana e é aí que é Traçado o vasto xadrez geométrico que constituirá o bairro,
para o qual afluiu um estrato social médio-burguês, movido pelo prestígio que
rodeavam os novos espaços urbanizados.
Hoje o bairro ainda mantém esses traços.
Rés Vês Campo de Ourique
Existe um factor que esteve
na origem desta expressão, que significa escapar por milagre, e ainda dois
outros que mais tarde o vieram reforçar e dar à expressão a popularidade que
hoje tem.
Factor de origem - No terramoto que atingiu Lisboa em 1755 os 35 arcos do
Aqueduto das Águas Livres sobreviveram sem fracturas por
ficarem situados na junção de duas placas do Cretácio Superior, no limite de uma falha sísmica, a de Campo de Ourique.
ficarem situados na junção de duas placas do Cretácio Superior, no limite de uma falha sísmica, a de Campo de Ourique.
Aqueduto das Águas Livres
Os outros dois factores que
a reforçam:
1º – No traçado urbano da
Lisboa oitocentista, a circunvalação que traçava os limites da cidade passava
no próprio bairro de Campo de Ourique na rua Maria Pia pelo que o bairro era
considerado, à justa, uma parte de Lisboa.
Rua Maria Pia
(rua da circunvalação foi a 1ª circular de Lisboa)
(rua da circunvalação foi a 1ª circular de Lisboa)
2º - Dz-se também que foi com o eléctrico 24 que fazia o percurso entre os prazeres e o largo do Carmo que esta expressão se tornou ainda mais popular. A Razão de tal popularidade deve-se ao facto do eléctrico quase roçar a esquina da Real Panificação (em Campo de Ourique) pois colocando a mão fora da janela podia-se tocar no edifício: o eléctrico passava mesmo à Justa ou seja Rés vés Campo de Ourique.
Real Panificação de Campo de Ourique
Carreira 28 (Prazeres / Graça)
ainda em circulação
é uma autentica atracção turistica